Um fogo despertou de madrugada.
Queimou pele e sangue.
Vida e sonho arderam
no calor de uma chama
finita.
A manhã terá trilhos queimados
e o travor amargo
a cinzas.
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
terça-feira, 29 de julho de 2008
(sem título #5)
Escrevo-te sentindo rios de sangue escorregar dos meus dedos.
Escrevo-te nua e crua, podre
visão de um peito que se abre como fenda
para derramar os olhares e os gestos
que prendeu junto ao mar.
Escrevo-te raiz de inferno, céu de sangue e lava
que me cobre a pele imunda,
pântano em que me banho nos dias
secos e gastos. Nos outros
soltei o diabo que vive atrás dos olhos cegos do amor,
fiz dele o meu guia na perdição.
Escrevo-te cegueira de dor, doença que destrói
as manhãs de luz
e me ataca nas margens do leito vazio do rio.
Escrevo-te monstro de fogo e tortura,
que me deixa, morte e sombra,
sobre os destroços de guerra que se confundem com o meu corpo.
Escrevo-te nua e crua, podre
visão de um peito que se abre como fenda
para derramar os olhares e os gestos
que prendeu junto ao mar.
Escrevo-te raiz de inferno, céu de sangue e lava
que me cobre a pele imunda,
pântano em que me banho nos dias
secos e gastos. Nos outros
soltei o diabo que vive atrás dos olhos cegos do amor,
fiz dele o meu guia na perdição.
Escrevo-te cegueira de dor, doença que destrói
as manhãs de luz
e me ataca nas margens do leito vazio do rio.
Escrevo-te monstro de fogo e tortura,
que me deixa, morte e sombra,
sobre os destroços de guerra que se confundem com o meu corpo.
domingo, 29 de junho de 2008
(sem título #4)
Corrompo a alma
com rasgos de sangue e álcool.
Nas minhas vestes de corvo
o fumo sufoca
a voz que julguei ser tua.
com rasgos de sangue e álcool.
Nas minhas vestes de corvo
o fumo sufoca
a voz que julguei ser tua.
quinta-feira, 22 de maio de 2008
A rapariga da camisola lilás
A rapariga da camisola lilás chora.
Chora sem lágrimas.
chora por dentro,
como se o rio que cava sulcos na terra
explodisse dentro dela,
com a força de quem esteve preso mil anos.
Consigo ver, dentro dela, as vagas que recebem este filho perdido,
e as flores que ela deixou morrer
em momentos de terna loucura.
Consigo ver como os punhais a atravessam
e como ela sangra...
A rapariga da camisola lilás grita.
Grita sem se ouvir.
Grita com os gestos que a vestem de negro,
com os olhos enlutados, marca brutal
de uma guerra travada à flor da pele,
sem tréguas,
sem quartel,
sem vencedores.
Ela não tem nada do que um dia ousou viver.
A rapariga da camisola lilás desespera.
E está só.
Repousa no escuro, no fundo do mar,
onde se deixa enredar
por paredes de silêncio azul e castelos
de papel de cartas de amor,
enrugadas e amareladas, tristes como ela...
E enquanto a poeira dos dias vai assentando sobre a arca dos sonhos
ela vai-se deixando cair por entre as flores murchas
e as estrelas que se apagam...
A rapariga da camisola lilás morre.
Não morre, vai morrendo,
no embalar do movimento da terra
com as marcas de silêncio que lhe demos, palhaços inconscientes.
Ela morre,
e nós morremos um pouco com ela.
Chora sem lágrimas.
chora por dentro,
como se o rio que cava sulcos na terra
explodisse dentro dela,
com a força de quem esteve preso mil anos.
Consigo ver, dentro dela, as vagas que recebem este filho perdido,
e as flores que ela deixou morrer
em momentos de terna loucura.
Consigo ver como os punhais a atravessam
e como ela sangra...
A rapariga da camisola lilás grita.
Grita sem se ouvir.
Grita com os gestos que a vestem de negro,
com os olhos enlutados, marca brutal
de uma guerra travada à flor da pele,
sem tréguas,
sem quartel,
sem vencedores.
Ela não tem nada do que um dia ousou viver.
A rapariga da camisola lilás desespera.
E está só.
Repousa no escuro, no fundo do mar,
onde se deixa enredar
por paredes de silêncio azul e castelos
de papel de cartas de amor,
enrugadas e amareladas, tristes como ela...
E enquanto a poeira dos dias vai assentando sobre a arca dos sonhos
ela vai-se deixando cair por entre as flores murchas
e as estrelas que se apagam...
A rapariga da camisola lilás morre.
Não morre, vai morrendo,
no embalar do movimento da terra
com as marcas de silêncio que lhe demos, palhaços inconscientes.
Ela morre,
e nós morremos um pouco com ela.
quarta-feira, 14 de maio de 2008
(sem título #3)
Na noite de Janeiro,
enquanto pairávamos sobre as águas,
abriste o meu peito.
A tua mão sarou.
Os teus olhos cobriram-me de flores.
O teu corpo derramou
ternura
sobre o meu cadáver de amor.
No teu beijo
sinto
que nada morrerá.
enquanto pairávamos sobre as águas,
abriste o meu peito.
A tua mão sarou.
Os teus olhos cobriram-me de flores.
O teu corpo derramou
ternura
sobre o meu cadáver de amor.
No teu beijo
sinto
que nada morrerá.
domingo, 11 de maio de 2008
(sem título #2)
No primeiro banho depois da morte
sonhei que as ervas doces do amanhecer
me acariciavam o rosto.
Trinquei o fruto que é chama
de desilusão,
e com os olhos desenhei nas brumas
o nome que ouço alguém gritar quando
as fadas se escondem.
Tranquei o meu corpo num caixão
de chamas, para não mais
me chorar nos dias de sol.
O que restar do mundo será a minha prisão.
sonhei que as ervas doces do amanhecer
me acariciavam o rosto.
Trinquei o fruto que é chama
de desilusão,
e com os olhos desenhei nas brumas
o nome que ouço alguém gritar quando
as fadas se escondem.
Tranquei o meu corpo num caixão
de chamas, para não mais
me chorar nos dias de sol.
O que restar do mundo será a minha prisão.
segunda-feira, 5 de maio de 2008
O vício
Sabes bem que não te perdi.
Queimei todas as palavras, e as paisagens,
mas não posso queimar a memória.
Tardo em deixar o vício
de te sentir.
Queimei todas as palavras, e as paisagens,
mas não posso queimar a memória.
Tardo em deixar o vício
de te sentir.
sexta-feira, 2 de maio de 2008
(sem título #1)
Vivem tempestades em teus olhos.
Consigo ver as suas marcas em sulcos
cavados no teu rosto.
Não há consolo para o peito ferido.
Escolhes a imensidão do vazio;
adoptas na pele a aridez do deserto.
As mãos já não sentem o frio gelar
os lobos que vivem no teu sangue.
O silêncio será a tua prisão.
Consigo ver as suas marcas em sulcos
cavados no teu rosto.
Não há consolo para o peito ferido.
Escolhes a imensidão do vazio;
adoptas na pele a aridez do deserto.
As mãos já não sentem o frio gelar
os lobos que vivem no teu sangue.
O silêncio será a tua prisão.
segunda-feira, 28 de abril de 2008
Vertigem
Na varanda que dá para o meu sonho
ouvi serenatas
alimentadas pela vertigem que vive no teu olhar.
ouvi serenatas
alimentadas pela vertigem que vive no teu olhar.
sábado, 26 de abril de 2008
Uma flor
Vou fazer a minha casa numa flor,
vesti-la com janelas de alegria
e pintá-la de amor;
e em cada folha plantar doces beijos
para aquecer os corações
que vazios andam de desejos;
e o caule cobrir de pó das estrelas
para brilhar naqueles que caminham
sozinhos...tristemente;
e em cada pétala plantar um sorriso
que floresce, e contagia
a triste gente;
e o pólen trocar por sementes de amor
para que todos possam fazer
o mel que à alma dá calor!
vesti-la com janelas de alegria
e pintá-la de amor;
e em cada folha plantar doces beijos
para aquecer os corações
que vazios andam de desejos;
e o caule cobrir de pó das estrelas
para brilhar naqueles que caminham
sozinhos...tristemente;
e em cada pétala plantar um sorriso
que floresce, e contagia
a triste gente;
e o pólen trocar por sementes de amor
para que todos possam fazer
o mel que à alma dá calor!
sexta-feira, 25 de abril de 2008
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